Como é que eu vou te explicar que não se trata de Enfermagem?
Como é que eu vou te explicar que não se trata de Psicologia?
Como é que eu vou te explicar que não se trata de Jornalismo?
Como é que eu vou te explicar que não se trata de Teatro?
Como é que eu vou te explicar que há mulheres que nasceram com vontade de escrever no alto de uma montanha fria tomando uma xícara de cappuccino?
Como é que eu vou te explicar que há mulheres que nasceram para entender a alma das crianças?
Como é que eu vou te explicar que há mulheres que nasceram para tornar a palavra, coisa dita?
Como é que eu vou te explicar que há mulheres que nasceram com vontade de mundo?
E como é que eu vou te explicar que todas são uma? E uma... São todas.
Como é que eu vou te explicar o sagrado que acontece na primeira vez que se entra na Livraria Cultura do Conjunto Nacional?
Como é que eu vou te explicar o sagrado que acontece quando se aprende ballet?
Como é que eu vou te explicar o sagrado que acontece nos momentos posteriores à entrevista com o Rodrigo, aquele, o Amarante?
Como é que eu vou te explicar o sagrado que acontece, quando depois de uma peça, tudo vira silêncio e calma?
Como é que eu vou te explicar que são nesses momentos que não há necessidade de explicações?
Ah! Mas como é que eu vou te explicar isso?
Como é que eu vou te explicar que para adquirir a sabedoria de não saber nada, é preciso antes, saber tudo?
Como é que eu vou te explicar que não é capricho?
Como é que eu vou te explicar que se trata de uma raridade?
Como é que eu vou te explicar que se trata da alegria difícil de se conhecer?
Como é que eu vou te explicar que se trata da força incomensurável de não se render?
E como eu te explico que eu mesma, pareço deixar escapar essa força?
Como é que eu vou te explicar que não se trata de Deus?
Como é que eu vou te explicar que se trata do que acontece no anoitecer da Avenida Paulista?
Como é que eu vou te explicar que é sobre construir e fazer manutenção de um modo específico de estar e se colocar na vida?
Como é que eu vou te explicar que a vida, a Vida mesmo - e não essa coisa mal acabada e dolorosa e suja e difícil e oca que a maioria das pessoas diz que "vai levando"...
Como é que eu vou te explicar que A Vida é exatamente isso que eu não consigo te explicar?
11 comentários:
e precisa mesmo explicar tudo pra cada uma delas?
(desculpe o comentário breve mas é que ainda estou sem palavras)
Vc é mesmo de uma sensibilidade inigualável! Sem explicar, vc conseguiu explicar que não é necessário explicação... Vc é maravilhosa e estou com muita saudade da sua companhia diária!
Te amo! Beijos...
É lindo, é perfeito e é, como vc mesma disse, inexplicável.
E como vou explicar o que sinto agora?
É tão maior que as idas a Paulista, os desejos de café da varanda e as palavras escritas.
E como é que vou explicar a grande alma que é você?
Saudade. :)
Num entedi!! dá pra explicar??? ihihihihihiii mtooo bom Ba...
Nem tente explicar. Certas coisas a gente não explica - ou o outro sabe, ou vai ter que descobrir sozinho, ou vai ficar te perguntando toda vida sem perceber que não vai conseguir uma explicação fácil e racional...
Bá, essas perguntas são alfinetes quentes rasgando a nossa cabeça não?! Mas, eu já entendi... Não adianta esperar, eles nunca vão embora. E são eles que nos fazem sentir a vida! Somos sortudas, afinal.
Te entendo completamente.
Entender que aquilo que parece inexplicável só pode se fazer entender pela negação da explicação é de uma sutileza quase inatingível. Organizar as próprias ideias ao tal ponto de se fazer compreender por qualquer ser alheio a nossa mente é ainda mais difícil, por isso torna-se tão admirável. E você o fez brilhantemente. Obrigada por compartilhar esse texto.
Eu vi você em cada um desses questionamentos!
Precisa explicar?
Particularmente, acho que certas coisas não se explicam.
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