15 de julho de 2010

Manuela

Não venha me dizer que não sentes saudade de mim.
Não venha me dizer que não sentes saudades da energia quente que subia pelo seu corpo ao ver minha boca pronunciar teu nome.
Não venha me dizer.

Assim, eu evito te dizer sou realmente boa em perceber dissimulações.
Assim, eu evito te dizer que ter certeza do seu estado me causa uma imensa alegria soberana, a qual me faz reinar acima de você.

2 de julho de 2010

Reverência

No meu caminho existiram as noites de 26 e 27 de Junho de 2010. E nessas noites, eu não tive medo. Nessas noites, em cima do palco ou fora dele, eu fui feliz. Dessa vez, consegui conquistar a preciosidade de perceber a felicidade enquanto ela, de fato, acontece. Percebi a tempo. No tempo. E não havia medo em mim. Havia sim, a minha verdade. A verdade que me é e que construí pra mim. A verdade é o que nos lança na vida. É o que faz a vida se movimentar em nós.

Nessas noites, a Vida Mágica se abateu sobre mim com tamanha doçura, e eu... Me deixei ser tomada por ela. E então, entendi a alegria: esperar, na coxia, o soar do terceiro sinal e... Ir. Sentir seus amigos juntos com você e você junto deles. Cada um salva-vidas do outro. E simplesmente ir.

E eu, do lado de fora, exposta por dentro.

É com toda modéstia de estudante de teatro e de pessoa de 22 anos que digo isso, mas creio que no palco, e também na vida, expomos o temos dentro. E temos dentro o nos fazemos, o que escolhemos ser. É que não há outra forma. Entende?

Nessas noites, eu expus o meu desejo inquebrantável para a Vida e Ela sorriu pra mim e me estendeu os braços. A Vida me aplaudiu e beijou o dorso da minha mão. E eu a reverenciei com todo meu corpo.

Eu e todos os estudantes naquele palco, criamos algo inédito em nossas vidas. E não há valor mensurável para esse feito. Criar o novo é de tal ousadia e de tal liberdade! E ao mesmo tempo é o único meio da Vida Potente acontecer para nós, em nós.

Nessas noites, eu me fiz aquilo que sempre quis ser: Tornei-me o que sou ao mesmo tempo em que fui o que serei. O teatro foi um dos lugares dentre os quais mais me reconheci. Por escolha e por impossibilidade de ser diferente. O teatro só funciona pra mim e em mim, se eu for verdadeira, se eu não fingir, se eu não "representar", porque no teatro tudo é o que é. Pra mim, não há outra forma de ser outros a não ser esta: ser a si mesmo. Não sei se quero descobrir outra maneira de ser feliz.

No teatro, a vida ferve, e o que é vivo grita. E quando a cortina fecha, as lágrimas vêm coroar a liberdade de um abraço entre artistas. Um coração que reconhece o outro.

Viver o próprio sonho e de magnitude incompreensível até mesmo e principalmente para si. Se fazer nascer. Como desejo isso para todos os que amo!

Nessas noites, eu e meus amigos de palco, vivemos Fernando Pessoa: fomos grandes, porque fomos inteiros.