23 de junho de 2008

Tulipas

Há algum tempo, percebi que eu gosto das tulipas porque elas são sozinhas.
Elas são sozinhas nos próprios talos.
Essas foram minhas escolhas.

Existe uma música que diz: "Mas é que se eu perder, eu perco sozinha. Mas é que se eu ganhar, aí, é só eu que ganho."
As coisas .......... a vida, sempre me teve esse gosto.

Às vezes, eu só quero uma janela.

Eu sempre gostei do Voltar. Sempre gostei de pedalar pra trás na bicicleta, sempre gostei de sentar naqueles bancos contrários, de forma que o meu olhar se direcionasse para o sentido oposto ao sentido que corre o metrô. E nesse instante... Olhar pela janela. Ver partir aquilo que fora, por um momento, perto. Eu sempre gostei de ver a distância acontecendo. Eu sempre gostei de despedidas.

Eu venho procurando ficar nos cômodos da casa onde não há ninguém.
Eu gosto das tulipas porque elas são solitárias.

Pelas minhas ausências, pelas minhas faltas, por todos os Nãos que eu sou...
É de digna estupidez ser Não, quando se sabe que a única palavra que a vida conhece é Sim.

E foi sozinha que eu "apanhei na beira-mar, um táxi pra esta estação lunar".

Foi sozinha que eu recusei, por meio da minha especialidade de Não Entregar-se, todos os corações que me foram estendidos.

É sozinha que eu escrevo esse texto. E é sozinha que eu choro por ele.

14 de junho de 2008

Táxi Lunar

Hoje eu vi beleza na fotografia que meus olhos lacrimejantes tiraram enquanto estavam direcionados para as luzes que brotavam das janelas das casas localizadas embaixo de uma ponte.
Eu sorri.

Hoje, ouvindo e cantando Rachael Yamagata, eu fui acometida por aquela sensação que tenho às vezes... E também sorri.

Essa sensação deveria ter um nome. Um nome tão significativo que fosse referência nos dicionários.

A vida que eu redescubro a cada dia, é cada vez mais bonita. Cada vez mais tocante.

Hoje, eu me senti bem.

Consegui ver com carinho a ausência de beijos que minha boca vem sentindo. E até foi interessante quando eu imaginei que o último menino que me desejou estivesse ali perto de mim. Ou que eu o encontrasse, por acaso na rua... Pra eu dar oi, pra eu trocar olhares e sentir novidades. Pensei que talvez, certas coisas na vida, fiquem mesmo no mundo de "fantasias concretas"... Não por falta de vontade de efetivamente concretizá-las, por incompatibilidade de tempos, mas porque simplesmente o "mundo fantasias concretas" é feito por elas e para que elas reinem ali, e somente ali. Pensei que certas coisas existam para não serem realizadas em ato. Há uma delicadeza peculiar nisso.
E eu fui acolhedora comigo mesma quando vim ao Msn em busca dele... Pra ter uma simples conversa, sobre coisas simples.

Não é paixão, ilusão ou expectativa. Talvez seja um pouco de carência, misturada com nostalgia e uma incrível e agradável sensação de ser querida. De ser amada. De uns tempos pra cá eu venho me perguntando por que a palavra "amor" é sempre usada com cautela. A meu ver, o amor poderia muito bem ser usado com abundância.

Hoje, , só o meu querer por mim, não me bastou. Precisei buscar em outras fontes... E gostei muito de fantasiar com o pé no chão.
Hoje, a vida me mostrou, mais uma vez Aquela sensação. Aquela que me é ainda sem nome e principalmente sem forma.
E assim, as coisas se tornam carregadas de uma sublime e sutil beleza. Uma beleza não só externa, ela quase chega a ser uma calma, uma calma aconchegante, que vem de dentro das próprias coisas. Talvez de dentro daquilo que costumamos chamar de alma.

Hoje, as coisas são simples.
Hoje, as verdades existem.
Hoje.. Eu sou carregada de beleza e calma, sublime e sutilmente.

E com toda a minha alma, eu ergo meus olhos brilhantes pro céu... Suspiro... E sorrio.


"Bela linda criatura, bonita
Nem menina, nem mulher
Tem espelho no seu rosto, de neve
Nem menina, nem mulher

Apenas apanhei na beira-mar
Um táxi pra estação lunar"