23 de junho de 2008

Tulipas

Há algum tempo, percebi que eu gosto das tulipas porque elas são sozinhas.
Elas são sozinhas nos próprios talos.
Essas foram minhas escolhas.

Existe uma música que diz: "Mas é que se eu perder, eu perco sozinha. Mas é que se eu ganhar, aí, é só eu que ganho."
As coisas .......... a vida, sempre me teve esse gosto.

Às vezes, eu só quero uma janela.

Eu sempre gostei do Voltar. Sempre gostei de pedalar pra trás na bicicleta, sempre gostei de sentar naqueles bancos contrários, de forma que o meu olhar se direcionasse para o sentido oposto ao sentido que corre o metrô. E nesse instante... Olhar pela janela. Ver partir aquilo que fora, por um momento, perto. Eu sempre gostei de ver a distância acontecendo. Eu sempre gostei de despedidas.

Eu venho procurando ficar nos cômodos da casa onde não há ninguém.
Eu gosto das tulipas porque elas são solitárias.

Pelas minhas ausências, pelas minhas faltas, por todos os Nãos que eu sou...
É de digna estupidez ser Não, quando se sabe que a única palavra que a vida conhece é Sim.

E foi sozinha que eu "apanhei na beira-mar, um táxi pra esta estação lunar".

Foi sozinha que eu recusei, por meio da minha especialidade de Não Entregar-se, todos os corações que me foram estendidos.

É sozinha que eu escrevo esse texto. E é sozinha que eu choro por ele.

Um comentário:

.mila alves. disse...

E ainda há beleza nisso, sabia?!

O que tiver pra falar, vou lhe falar ao pé-do-ouvido, para assim, tentar fazer você sentir um coração palpitando, quentinho, toda vez que você está por perto!

Hoje eu existo nos sinais e na significação de mim mesma! Lembra?!
Pois em mim já grudou!

;)