8 de novembro de 2010

cuida.dura

Esses dias, depois de um filme, eu chore compulsivamente de medo dela.
E depois...
Depois, eu pedi pra que ela cuidasse e mim. Como alguém cuida do que gerou no próprio ventre.

O medo dela vem me ocorrendo. Porque ela sabe... Ah! Ela sabe.
Ela sabe que eu me negligencio por medo mim. E dela. Ela sabe.
Ela sabe que eu me cobro por medo de mim. E dela. Ela sabe.

E eu peço por ela. Peço ela, pra ela.

Peço que cuide de mim.
Porque estou tão nua e sozinha diante dela e porque essa é a condição do existir dos humanos.

Cuida de mim, Vida.
Cuida de mim porque talvez eu ainda não saiba andar. Ou porque ainda precise dessa mentira pra conseguir dar um passo. Porque é difícil perceber que se pode correr sem o pesar de si. E que talvez não haja outro modo de produzir vento senão este: correr. Porque a alegria ainda me espanta. E porque também ela se aprende.

[e nessa prece, ajuda-me no auto-perdão pelo fato de ainda esconder de mim minhas próprias descobertas, depois de já tê-las provado. Porque o que é grande ainda me assusta]

Cuida de mim.
Porque sou dura e não deixo que ninguém o faça.

Cuida, porque tenho saudade.

Cuida porque despedir é entregar o que se viveu.