13 de setembro de 2010

con-fusão de 3 ou 4

Não tenha a ilusão de que não vou chorar por você.
Vou chorar porque chorar sempre foi o jeito mais puro de eu me entender - ache você que isso seja exagero, depressão, sentimentalismo ou beleza, ache você o que achar.

Ontem, eu estava conversando com um rapaz e ele e disse: "Tem hora que vira uma escolha. E pra cada coisa que você escolhe, você tem que abrir mão de várias outras. Na verdade a gente se constitui mais pelo que a gente nega do que pelo que a gente escolhe."
E mesmo sabendo e concordando com aquilo, mesmo sendo uma aberta defensora das escolhas e da fenomenologia... Ontem, aquilo me pegou.

Outro dia, uma amiga estava me contando do conflituoso relacionamento que levava com o namorado. Ela disse: "Acho que vou tomar a decisão de virar uma mulher moderna: esquecer o amor e focar no trabalho, sabe?"
E eu pensei comigo que algum tempo, talvez eu mesma tenha feito essa escolha, sem intitulá-la de "mulher moderna". [o que foi uma grande burrice da minha parte, porque assim, eu teria ao menos um título pra me iludir os sentimentos. Se não fosse essa minha consciência de quase tudo...]

E em verdade, a minha "mulher moderna" está bem contente. Mas esses dias eu pensei que se a minha "mulher moderna" não fosse tão concreta e historicizada dentro da minha própria vida, talvez eu tivesse dito Sim.
Talvez eu tenha perdido aquela coisa infantil [?] de achar que todos os reais desejos estão nas sensações mais orgásticas. Acho que me ocorreu um real desejo numa sensação sutil esses dias. E lidar com a sutiliza é sempre mais difícil.

Fato é que mesmo sabendo - o que é uma conquista pra mim ou pra minha "mulher moderna" - fato é que mesmo sabendo, eu queria que tivessem me dito que eu estava bonita aquela noite.
E não tenho vergonha de dizer isso. Vergonha tem que ter é quem não diz.

Sei que desejo o pré, o entre e o pós. Sei que quero sentir todos os frios na barriga e os calores no ventre que são meus por direito. Por direito porque sou humana, porque sou mulher e porque quero amar.

Sei da minha certeza de que não há pecado nenhum em querer ser amada e amar em troca.

Sei que não quero mais ser relativizada pela insegurança ou omissão alheias. Não sou nada nem perto de alguma coisa que fique à mercê das descobertas ou das experiências dos outros. Nem pelas dúvidas. Não quero ser parâmetro pro seu atual relacionamento conjugal. Nem quero ser parâmetro de comparação do seu sentimento por mim ou em relação à sua carência afetiva. Não sou garota-tira-dúvidas. Porque assim, parece que eu não existo. E eu existo, sabe? Eu sinto, eu penso, eu desejo.
Não exijo respeito porque tenho a plena convicção de que respeito é coisa a ser dada, assim, por naturalidade ou por educação. Não é coisa a ser exigida. Respeito é uma espécie de amor.

Então não me lance olhares que eu seu entender. Não me fale coisas que eu sei responder. Não me coloque no meio das suas confusões. Não sou garota-tira-dúvidas.

E dizendo isso, talvez eu esteja escolhendo uma coisa e abrindo mão de outras.
Mas me disseram que a vida é assim.