21 de março de 2010

na garganta

A verdade é que eu estou esperando por uma inauguração.
Eu estou esperando alguma coisa que faça com que eu me inaugure de novo. Que eu me pós-inaugure em alguma parte de mim que foi inaugurada algumas vezes, mas que eu cobri.
Como se cobre um piano velho, num canto de sala, por não saber tocar.

Eu espero a re-estréia de mim.

Tô cansada de ter medo. Tô cansada desse aperto na garganta que parece não querer me abandonar. Tô cansada de esconder de mim que eu sinto uma puta saudade daquilo que eu resolvi chamar de amor.

Estou esperando o momento, no qual eu, cansada de tanto me ser, vou me render à mim.
E aí - porque é isso que fatalmente ocorre nesses momentos - me tornar o meu porvir.

E sorrir.

5 comentários:

Olorruama disse...

"cansada de tanto me ser, vou me render à mim".
Desejo exatamente a mesma coisa...dúvida quanto ao que sou, de fato isso que acho que sou é exatamente aquilo que sempre desejei ser? Se eu sou eu, qual é o eu que não é meu, mas faz parte de mim? Indagações que sempre desopilam minhas tardes angustiantes.
Convivo com meu nó sufocando a goela...vou tentar ensaiar minha re-estréia...bjão

Talita disse...

Se você soubesse o quanto você é linda só pelo simples fato de ser você. Você se renderia completamente, sem nenhum medo!

Thiago Schiefer disse...

Engraçado quando as palavras alheias batem em nosso âmago, reverberam e ecoam pra fora de nós como se fossem efetivamente nossas...

João Alves disse...

Tantas vezes queremos estar nesse palco da vida sob as luzes do refletores e falar: "sou porque estou"; e sentir na pele o "estar-novo" que também é antigo.
Vamos entrar e sair de cena quantas vezes forem necessárias para que a nossa re-estréia seja sempre a primeira vez sobre o tablado (com direito a frio na barriga e exitação ao dar as deixas).

Patty disse...

Quando vc se re-estrear, pode ter a certeza que eu vou estar na primeira fileira..te aplaudindo de pé!

Beijos