4 de outubro de 2009

Das coisas não reveladas ao telefone

Tinha imaginado coisas:

Iriam se encontrar no fim de semana e sem dizer uma palavra se quer colocaria um dos fones de ouvido em sua orelha esquerda. Estenderia o outro para ele, parado à frente dela, para que ele colocasse em sua orelha direita.
Ela faria então com que tocasse de seu celular, a música que ele revelou gostar, enquanto estava deitado nas pernas dela, na última vez que se viram.
Repousaria sua mão direita na nuca dele e aproximaria-se, fazendo com que os narizes de ambos se encontrassem.
Fechariam os olhos.
E dançariam...
Lentamente...
Em uma das esquinas da Avenida Paulista.
Ao final da música, ela diria baixinho: "Meu arranjamento pra você."



Mas acontece que nela, o saber de que '"Quando se quer, verdadeiramente, se faz" era puro, doce e real de mais... Não o trocaria por um punhado de palavras bonitas que ela mesma admitira querer ouvir.
Para ela, não sustentar o próprio desejo é o mesmo que não desejar.

Foi então que fez-se ausência.

Pensou em brigar com ele: "Que formalista de merda você é! Olha a forma com que você deixa as coisas acontecerem!" Mas algo nela sabia que aquilo já não era mais preciso.
E essa ausência dela, nela, lhe trouxe lágrimas.

Terminou ao telefone contando a ele o fim de uma história de dança de mãos.

4 comentários:

Tamyshg disse...

É bonito... mas acho que não entendi... vc vai precisar me explicar esse...

bjos
Tami

Patty disse...

Bah...você escreve maravilhosamente bem
é como se eu sentisse o ritmo da dança da avenida paulista e inclusive o ventinho no cabelo!
PARABÈNS

Beijos

gtmtiago disse...

A cada novo texto que leio me sinto cada vez mais ignorante.. hehehe

bjokas

Talita Contipelli disse...

As vezes é tão difícil aceitar nos nossos desejos, que destruimos qualquer possibilidade. Mas acredito que sempre sobra um pedacinho de possibilidade, assim como aqueles caquinhos de vidro quebrado que cortam o nosso pé. É só colhermos essas laminazinhas que consiguimos voltar a trás e tentar de novo. É assustador. Mas sempre é melhor que a desistência.