Escrevo porque ontem você me fez ser Isolda e eu te chamei de Amigo nos poemas medievais de amor que te escrevi.
Mas em breve, minha consciência reativa de mulher quase independente e contemporânea me forçará a conhecer outros homens como forma ilusória de fugir e de preencher o tempo que fico esperando por você.
E o que eu menos gosto é de ter a minha vida nas mãos de
outra pessoa. Mas, por agora, o que eu consigo fazer é torcer para você vir até
mim.
É escrever uma carta que você nunca lerá.
É o que eu, Isolda, consigo fazer. Olhar para o Céu com a
quase certeza de se comunicar ao Incomunicável e... Esperar por você, meu
Amigo, me lembrando das suas imagens específicas enquanto o meu coração pesa e
aquece.
Eu torço.
Não levarei minhas mãos na tua direção. Ficarei quieta. É o
que consigo fazer por hoje. Receio de ter se instaurado essa distância contemporânea
entre nós. Este hiato absurdo de mais de 24 horas.
Quero ficar em silêncio com você, à meia luz. E quero que
você, de novo e repetidamente, afaste uma mecha dos meus cabelos e segure o meu
rosto. E, por conseqüência involuntária, faça meu peito pesar e aquecer.
Então eu ouvirei um som agudíssimo surgir dentro de mim. Como fazem aqueles bules antigos avisando que o café está pronto.
Então eu ouvirei um som agudíssimo surgir dentro de mim. Como fazem aqueles bules antigos avisando que o café está pronto.
E se não for você o enviado que surgiu no meu Oráculo? E se
não for eu a correspondente que surgiu na sua carta de Tarô? O que faremos nas
derradeiras 21 horas, Amigo?
Se assim for, terei o ímpeto cada vez mais forte de embarcar numa nau e regressar aos meus no continente antiqüíssimo.
Se assim for, terei o ímpeto cada vez mais forte de embarcar numa nau e regressar aos meus no continente antiqüíssimo.
Mas por hora, eu fico aqui e finjo que consigo distrair minha
ansiedade te escrevendo ou arrumando meu guarda-roupa. Mas enquanto que...
Internamente... Eu só penso em Saturno, em Urano, em Netuno... E na sua voz... Amigo... E nas suas mãos. E nos seus pêlos...
Eu torço pela palavra Saudade pronunciada da tua boca.
Com afeto,
Isolda.
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