19 de agosto de 2012

pipa

Sabe...
Esses dias ando pensano di mais numa coisa: Por que algumas coisas que a gente deseja acontece e outras não?
...
Sabe quano ocê pensa numa coisa, trabáia pra coisa acontecê e di repente, assim, parecendo que por obra do Divino, a coisa se realiza?
Essa alegria tão simpli. Tão singela, num é? Esse momento da vida transformado em mágica.
Pessoal diz por aí que tem a ver com... física quântica, mas eu sei disso, não. Sei que desejo realizado é bom de mais se sentir.
Mas que fique bem entendido: desejo que a gente deseja pra nóis memo. Não desejo que a gente deseja pra outro, não. Por exemplo: num dianta desejá vivência pra quem tá morto, não é mesmo?
E o desejo pode tê vários nomes, viu?! É vontade, é querer, é sonho, é saudade do futuro...
Mas tem também aquelas situações de grande tristeza quano a gente deseja, se esforça e o desejo...necas.
Aquele buraco que se abre no peito da gente, do nada, que parece que nunca vai sê preenchido por nadinha no mundo. Uma ausência crua.
...
Bom...
Mai a questão é: Por que o desejo às vez sim e outras vez não?
Qual é a diferença?
Ora! E num me venha com cunversa de "a vida é assim memo" que eu sou boba, não, viu?!
...
Eu tenho pra mim que a diferença mesmo tá é no jeito de desejá.
Quano a gente ultrapassa os limites do desejo é como se a gente estrangulasse ele, como se não deixasse o desejo respirá. Compreende?
Quem estrangula desejo é medo, é preocupação. Uma veiz eu li: "Preocupação é usá a imaginação pra criá algo que a gente não deseja."
Espia só que coisa maluca, gente! Inventá pra nóis uma coisa que nóis mesmo num qué! Eita! 
Desejo estrangulado é que nem purpurina.
É bonito di mais, porque é desejo, mas são pedacinhos quebrados, desunidos e que gruda na gente. É coisa difícil de se desvencilhá. E quano ocê acha que conseguiu, descobre aquele pontinho brilhando solitário.
Às veiz irrita.
Desejo estrangulado chega até a fazer mal, viu?! Ói só: em mim, por exemplo, desejo estrangulado fatalmente vira dor-de-cabeça. "Chaqueca!", disse um dotô.
...
O mais certo é a gente desejá daquele ôtro jeito. Daquele jeito que faz o desejo realizar-se a si mesmo.
Quano se deseja assim, o desejo é livre. Tão livre que às vezes nóis tem a impressão que nem tá desejano! Ou que o desejo nem é tão importante. Mas é aí que o danadinho acontece! E bem acontecido, viu?! Do jeitinho mesmo que a gente imaginô! Ou quase.
A liberdade é o alimento do desejo. O ar.
Quato mais eu for livre no desejo de uma coisa, mais livre é o caminho dessa coisa até mim. Porque há o caminho.
Desejo livre é que nem pipa.
Precisa é de vento e muito céu.
Desejo livre é assim. É um sem medo do fim. É um sem medo sem fim.
...
Mas, viu?!
Existe também o momento do milagre: Quano cansamo de estrangulá nosso desejo, pobrezinho, já sem ar nenhum. Quano nem a gente mesmo tem mais força e gloriosamente desistimo.
Desistir é da maior virtude.
É ser, ocê memo, a própria magia.
Às veiz, desistir é o caminho da libertação.
Desistir:
Soltá a linha pra pipa avoá.

2 comentários:

Meggie disse...

ai q incrível!!!

Talita Contipelli disse...

Quanta sabedoria Babi! Esse texto me fez chorar... Mas um choro confortável, um choro que me diz pra colocar os desejos na rota certa. Simples assim.
Não para de escrever não, todos sentem falta!