28 de junho de 2010

1 x 1

Foi quando Rafael M., o dançarino de flamenco, me lançou um elogio. Um elogio simples, daqueles que quer dizer tudo, mas não quer dizer nada. Um elogio que eu já havia ouvido de outras pessoas e até mesmo dele. Mas aquele elogio naquele momento e dito daquela forma...
Causou alguma coisa em mim.
Eu, num gesto cordial, fingi que tudo estava igual em mim, fiz uma brincadeira e agradeci. Após alguns segundos, mudamos de assunto como numa conversa natural com muitos amigos em um balcão, mas a verdade é que eu, eu mesma, ainda estava naquele momento daquele elogio.
Aquele elogio me atingiu por dentro. Foi como se eu tivesse ficado semi-nua nos milésimos de segundos após as palavras do dançarino.
Sabe quando alguém nos diz alguma coisa inesperada que nos deixa imóveis? Que é tão simples, mas tão capaz de derrubar nossas defesas, nossas resistências. Como um sopro que derruba nossos muros que ingenuamente julgamos ser de concreto.
Como borboletas na luz...

O elogio me afetou.

Há algum tempo eu não me sentia afetada. Não daquela maneira, tão... Dentro.
Rafael M., me despiu e me expôs a mim mesma.
Obrigada, dançarino.