11 de outubro de 2008

Ela

Diário da manhã do dia 10 de outrubro de 2008.

Hoje, eu acordei... Um tanto quanto.. Normal, eu acho.
Como toda boa sexta-feira, fiquei na cama aqueles 10 minutinhos a mais do despertar do celular. Pensei que “10 minutos” sempre foi uma ilusão. Um truque gramatical. 10 minutinhos, nunca são 10 minutinhos.
Enfim, levantei. E dei graças por ser sexta-feira. O que também é uma ilusão. Doce... Mas ainda ilusão.
Quando entrei no metrô pra ir pra faculdade, pluguei o fone no meu celular: tinha decidido ouvir música.
Ouvi.
O céu estava bonito comparado ao resto da semana. Um azulziiinho! Com nuvens e raios de sol. Alguma coisa no céu me fez lembrar de mim. De mim e das minhas sensações-suspiro que já tive a sorte e o prazer de experienciar.
E assim, automaticamente, desvinculadamente... Lembrei dela. E foi aí que sorri. Com o olhar perdido entre o céu e o meu reflexo no vidro do metrô eu sorri por ela. Pensei que o fato dela estar feliz me causava... Conforto. É.. É essa a palavra... Conforto. E lembrei também, da pessoa que sou com ela. Da pessoa que sou quando, mesmo longe eu lembro dela. E... E eu era suspiros. Por instantes, eu fui suspiros nessa manhã de sexta-feira. E foi assim que eu comecei a ouvir uma música que..... "Eu sei aonde estarei, nadar num mar de mágoas. E a fé que depositei, tu vai guardar na caixa mágica..."


...

E eu lembrei do dia que estivemos juntas ouvindo essa música. Juntas no meio de tantos. Eu no meu vestido vermelho e ela com aquele sorriso-de-Sol. Lembrei das lágrimas que rolaram pelo meu rosto, por perceber que naquela noite... Eu também fora suspiros. E a cena me veio forte. Eu chorando e sorrindo ao lado dela. Naquela hora eu lembrei que também tinha lembras... Eu chorava por me ver inteira depois de tantos cortes, eu chorava por ver a incrível beleza que ela tinha depois de tantas coisas que lhe foram levadas. Naquela noite eu chorava por que meu coração acreditava nos meus sonhos. E também nos dela. Eu chorava por silêncios compartilhados, por noites na Paulista, por abraços que nossas almas davam na frente da Casa das Rosas depois de um momento de superação de cortes. Eu chorava por ela me conter, e porque sabia que a continha também. E todos esses... Eram choros tão cálidos que era quase impossível que não fossem seguidos de sorrisos, olhares, silêncios intensamente preenche(-)dores e suspiros. Lembrei de tantas coisas que passamos juntas e que... E que me fizeram... quem eu sou hoje.
Na hora que olhei pro reflexo de mim no vidro do metrô, ele também chorava.
Choros-suspiros.
Chorei porque naquele momento eu senti a presença dela dentro de mim. E sabia que parte de mim, já não estava comigo.