25 de setembro de 2008

Cru



Eu vim aqui tentar expressar o que eu venho sentindo esse dias...

Mas... Mas acabo de constatar minha suspeita de que há certa inutilidade nisso.

O que eu venho sentindo esses dias... acho que não consegui colocar ainda, em palavras. [E, acredite... eu tentei] [E
u sempre tento colocar em palavras... eu gosto delas.]

Mas uma coisa eu consegui. Essas coisas que eu venho sentindo, que não tem nome, nem julgamento de bom ou ruim... elas são realçadas, despertadas quando eu ouço [adivinhem só] uma música do Keane.


O fato é que eu fui até onde conseguia. E sou contente por isso.
E as pessoas têm direitos. Direitos ao sim e ao não. E eu também tenho direitos.
Se tem uma coisa que eu aprendi com a consciência da Histeria, foi a não fazer conjecturas sobre o universo dos outros.
A minha única maneira de experienciar o mundo... é o meu mundo. E eu me limito, me inscrevo e circunscrevo nele.
E é só o que eu tenho.

Eu não tenho paciência pra dissimulação.
Não faço conjecturas sobre pensamentos e comportamentos dos outros.
O que é, é.
E o que é, é aquilo que se manifesta. Aquilo que se demonstra.
Hoje... eu trabalho com o que existe. Com o que é real.... e simples.
O ideal cansa.

Eu sei de mim, das minhas vontades e das minhas atitudes de concretizar meus desejos.
E até acho que, as minhas questões estão bem resolvidas. Eu não ultrapasso meus limites. E eu sei bem que os tenho.
Não gosto de brincar sozinha. E por isso.. me recuso a fazê-lo.
Mas é como eu disse: As pessoas têm direitos.
E eu sorrio pra eles. Pros meus e pros dos outros.

Não é fácil entender a práxis da vida. Entender isso requer um certo... amadurecimento.
E talvez até um certo sofrimento elaborado.

Na verdade... acho que precisa-se Crescer.

Eu sempre passeei pelos extremos. Acho que conservo um pouco disso, mas... é evidente que existe uma mudança em mim. Uma mudança sem nome e à qual não tenho pretensão de nomear. Exatamente porque ela é o que é. Em sua essência espiritual ou em sua convenção. Seja por Benjamim, seja por Nietzsche.

E a partir dela... eu só tenho à mim. E é desse mim que eu tomo posse. Por escolha. Por minha escolha.

Eu aprendi a contextualizar os outros. Ver suas possíveis dificuldades... posso tentar facilitar situações pra que suas concretizações ou demonstrações não fiquem tão complicadas em relação à mim... Mas eu também aprendi a ME contextualizar. E tenho muito claro dentro da minha... "boa-resolução de questões internas" que não se trata de individualismo. Não é unilateral, nem extremo. Sou eu e você. São dois. Assim, eu existo e o outro também. Eu o considero exatamente indivíduo como eu. Por isso me recuso a fazer conjecturas sobre comportamentos alheios. Cada um é responsável por si. Cada um leva consigo suas explicações. Eu posso ou não compreendê-las, quando me forem expostas [e por isso contextualizo]... Mas é como eu disse: Hoje... eu também ME compreendo.

Eu não olho só pra você e também não olho só pra mim.
Hoje, eu olho.

É também fato que hoje eu tenho um certo nível de entendimento e reflexão sobre as coisas [minhas e também dos outros] que me agrada bastante. Também me agrada querer entender mais. Mas aquilo que entendo e que consigo externalizar de alguma forma... aquilo que é de ordem interna e subjetiva, quando consigo externalizar e colorir, na medida adequada, com objetividade... me é alegremente agradável.

É... acho que cresci.


Desejo o mesmo pra você.

21 de setembro de 2008

Muito


Esses dias... eu andei pensando...


Eu nunca fiz questão de ser a primeira nas coisas. Aliás.. eu sempre gostei dos segundos lugares, dos vice, das segundas vezes...


Eu, no alto da minha pretensão, sempre quis ser muito.
Ser muito bonita, muito inteligente, muito agradável, muito engraçada...
E eu sempre me achei tudo aquilo que se pudesse considerar contrário do "muito".

Na verdade... acho que há alguns tempos, que eu larguei o sempre.

Mas por um looongo período eu sempre quis ser o "muito".

Talvez por isso tenha me doído tanto, tanto quando eu descobri que a vida é neutra. Que o que é neutro é esmagador perto do pobre "muito".
Talvez por isso, ler Clarice Lispector me rasgue por dentro.
Mas eu aprendi. Com muitas conversas, leituras, analogias e metáforas não científicas e... e com lágrimas que eu aprendi que o neutro é o que é. Ele é o que existe. E que às vezes... ele se veste de pouco e às vezes.. se veste de muito. Mas é sempre neutro.

E essa foi uma das minhas mudanças. Daquelas mudanças que não tem mais volta. Daquelas mudanças pelas quais a gente chora em noites de lembranças e existencialismo. Daquelas que a lágrima deságua num sorriso, mas que também dói. Daquelas que são imensamente carregadas de vida... e por isso... são neutras. Só que o que é neutro... tem força imensa.

O que é neutro, tem a força de suspiros.


Dias atrás.... eu entrei, senti um arrepio, me senti segura, me senti abraçada. Continuei. E eu tinha luz.
Eu falei, eu ouvi, eu errei, eu caí, levantei e segui. Continuei.
Eu fui aplaudida e também aplaudi.
Eu fiz rir e também chorei.


Dias atrás... durante algumas horas... Eu fui muito.

Fui neutro disfarçado de muito.