28 de julho de 2008

Iminência

Hoje à noite, uma amiga minha disse que só sabia escrever sobre tristeza.
E o que eu senti foi uma tamanha identificação com essa frase que até me deu uma pontadinha de... Tristeza.

[Ai! Como é difícil fazer o parto de si mesma.]

Já faz um tempo que eu sinto que tô na iminência de alguma coisa que eu não sei nomear.
Às vezes me abrem os olhos e me dizem que eu já passei da iminência...
Mas aí eu crio outra iminência pra estar.
Criar obstáculos nunca foi um problema pra mim.

Às vezes, as coisas que eu gosto me vem tão claramente.
Por textos, por imagens... Por pensamentos.
E o que eu sinto é... Sorriso.
Eu sinto sorrisos por dentro quando essas coisas chegam até mim.

Há alguns anos atrás, eu tinha um sonho.
Esse sonho que ainda tenho até hoje, mas... Antes era diferente.
Antes... Eu pensava sobre ele, pensava sobre como iria ser, sobre como iria fazer as coisas.
Eu pensava principalmente sobre como eu iria ser quando conseguisse esse tão esperado sonho.
Pensava sobre cores, casas, cozinhas, amigas... Pensava sobre a Paulista...
E tudo isso... E todo esse conjunto de pensamentos sobre o sonho me causavam sentimentos tão bons!
Era esperança, paz, alegria, força... Tudo junto e tudo misturado.
E o que resultava disso era... Ausência de fôlego.
Antes... Quando eu pensava sobre o meu sonho, me faltava o fôlego.
E.. tudo isso era tão bom de sentir que me dava... [adivinha só...] Medo.

Por isso... eu fui treinando a não me sentir mais assim quando pensava sobre o meu sonho.
Uns dias atrás eu tentei pensar esse conjunto de coisas que eu pensava antes e... só consegui uma sensação de "cadê?" Eu já não sentira mais todas aquelas emoções.

Talvez porque eu tenha crescido, talvez porque antes eu vivia muito mais no mundo do ideal do que no do real... Talvez.

A explicação total sobre o porquê dos meus 'auto-bloqueios' eu ainda não descobri. Talvez nunca venha a descobrir. Eu só consigo chegar até uma parte da explicação...

Me dói um pouco ainda perceber que eu fico feliz com coisas que... talvez fosse melhor não ficar.
Me dói ainda... essa falta de coragem.

Essa falta de coragem me rasga por dentro.

Eu sei dentro de mim que... Que eu tô na iminência da ausência da falta de coragem...
Eu sei.
Eu sei que vai chegar uma hora que eu não vou aguentar mais a falta da coragem.
Mas por enquanto... Essa é a falta que ainda me rasga por dentro.

Sobre o meu sonho?
Entre outras coisas, eu sonhava em SER alguém de quem eu pudesse me orgulhar. Que eu pudesse olhar pra mim e sorrir com a mais sincera tranqüilidade e com a mais tranqüila sinceridade. Sorrir com a minha alma, sobre a pessoa que eu era.
Talvez, também o sonho esteja da sua iminência...



[minha nossa senhora, me dá coragem nessa hora]
Talvez as lágrimas que eu soltei hoje, escrevendo esse texto, façam parte das lágrimas finais sobre aquilo que eu deixei de ser.

25 de julho de 2008

ao som da carência

Nessa noite, eu só queria ser beijada ao som de Keane.

Um beijo calmo e com sentimento.
Posterior a olhares reveladores e a um suave toque no rosto.

Nessa noite... Eu queria ser beijada ao som de Keane.




[ao som da carência]

9 de julho de 2008

O instante inominável



Fazia já um tempo que eu não sentia aquela lágrima.

Aquela lágrima que escorre................... calma.
Que escorre lenta.

Que brota, pouco a pouco e deixa os olhos brilhando... Trazendo memória do passado e memória de um tempo que não aconteceu ainda.

Até aquele instante...

Que os olhos se fecham.

L e n t a m e n t e .

E ela vai...

Quente... e lenta.

E lava.
E limpa.


E quando dei por mim... minha Lágrima desaguou num sorriso.

2 de julho de 2008

Sopro


Às vezes eu espero a dissolução.
Eu espero a resolução.
Ponho a mão sobre o rosto e brinco de olhar pelos cantos.
As pupilas correm.

A vida vem...
E parece mágica.
Os pedidos escritos num papel são concedidos, e...
E... e eu tenho medo.
... ainda.

Eu esvazio.
Eu exagero.

Eu espero a dissolução.
Espero porque tenho medo.

Existe uma mão.
Uma mão que me carrega sempre para o mesmo sentido.
Qualquer esforço contra seu movimento... é sopro.
E eu, intoxicada de inutilidades, ainda tento.
... ainda.

Existe uma mão cega.
Destemida.
...
Destemida.



Também nessa noite, não descobri meus porquês.